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Motorista de aplicativo mostra força de superação e lidera na Fórmula Vee

Lucas Veloso já foi empacotador de supermercado, ajudante geral, camelô, motoboy e hoje é o líder do Campeonato Paulista de FVee

Fonte: Arquivo Pessoal/Lucas Veloso
Motorista de aplicativo mostra força de superação e lidera na Fórmula Vee O piloto Lucas Veloso com o seu carro para "corridas" nos aplicativos Uber e 99

É comum dizer que o
automobilismo é um esporte caro e praticado apenas por pessoas endinheiradas.
Por gente rica, que pode gastar o que quiser na pista e não se preocupa com o
aumento da conta de luz, do botijão de gás e da alta nos postos de combustíveis.
Se você também pensa assim, precisa então conhecer Lucas Veloso.

Aos 26 anos, ele realizou o
sonho de pilotar após uma longa jornada. Lucas foi ajudante geral, fez serviços
de limpeza, empacotador de supermercado, motoboy, camelô, trabalhou em locadora
de carro, montou sua própria hamburgueria que faliu com a pandemia e hoje é
motorista de aplicativo e lidera o Campeonato Paulista de Fórmula Vee.

Uma história de superação e
dedicação de um jovem piloto, filho de dona Luzia, manicure que tem o seu salão
no quarto dos fundos da casa onde moram em Itapevi, na Grande São Paulo, e do
seu José, motoboy.

Antes mesmo de nascer, a vida
já era marcada por muito sofrimento e dificuldades na família Veloso. Os avós
de Lucas deixaram o trabalho no campo no interior do Piauí em busca de uma vida
melhor em São Paulo.

Nascido em Osasco, Lucas
Veloso começou desde criança a gostar de automóveis. Aprendeu a dirigir com 10
anos e assistia às corridas de Fórmula 1 pela TV, além de devorar revistas de
carros.

"Você nunca será um
piloto"

Seu primeiro contato com o
automobilismo aconteceu como na maioria das crianças, no kart indoor, de
aluguel barato e que cabia no sempre curto orçamento familiar. Mas o dinheiro
curto não era o único problema. Mais difícil era encaixar as longas pernas no
carrinho. Os joelhos precisavam ficar para fora, uma situação que até hoje
incomoda o piloto de 1,90 m de altura dentro do apertado cockpit de um Fórmula
Vee.

Aos poucos, o cofrinho de
Lucas começou a encher, quando ainda era adolescente e se inscreveu no programa
Jovem Aprendiz. De empacotador no Pão-de-Açúcar a ajudante geral, passou por
serviços de limpeza e teve um infeliz encontro com o chefe de uma empresa de
persianas.

"Ele viu minha altura e
comentou: você jamais será um piloto, nunca vai conseguir guiar um carro com
todo esse tamanho", lembra.

A jornada seguinte incluiu
trabalho no delivery de pizzaria e como vendedor de anúncios para um guia local
de condomínios, batendo de porta em porta no comércio local. Deu para juntar o
suficiente para comprar um kart F4 , que não durou muito. Após duas batidas, já
não havia recursos para a manutenção.

A busca por trabalho o afastou
das pistas e o incentivou no empreendedorismo. Ao lado de um sócio, Lucas abriu
uma hamburgueria em Barueri. Era fevereiro de 2020, quando cresciam as notícias
sobre um tal coronavírus. Depois de 15 dias, foi implantado o lockdown, as
portas fecharam e o sonho de ter o próprio negócio acabou.

Primeiro treino parcelado no
cartão

Lucas não desistiu. Chegou a
vender produtos na rua, como camelô, até conseguir o emprego numa locadora de
carros. Passou a fazer o que mais gostava, dirigindo e levando os veículos aos
clientes. Era uma época promissora, quando recebeu uma promoção para o setor
administrativo. Voltou ao kart, para provas na Granja Vianna e na Aldeia da
Serra. Foi então que ele viu no Facebook um post sobre treinos para iniciantes
na Fórmula Vee.

O seu primeiro "Dia de
Piloto" foi em Interlagos. Parcelou o pagamento em três vezes no cartão de
crédito e sentiu, mais do que nunca, que era exatamente isso o que ele queria
fazer.

O passo seguinte foi competir
na Copa ECPA, em Piracicaba (SP). Para isso, contou com vaquinhas dos amigos e
fez rifas de produtos como perfumes e desodorantes.

Hoje, Lucas Veloso se tornou
um dos principais nomes da Fórmula Vee. Ele é o atual líder do Campeonato
Paulista e passou a ser conhecido nas ruas de Itapevi. Não apenas por ser
piloto, mas por levar passageiros no seu carro de aplicativo, que serve a 99 e o
Uber.

Direção responsável

"Já aconteceu várias
vezes de alguém me perguntar: poxa, você é aquele piloto aqui da cidade?",
conta, com orgulho. E eles pedem para acelerar mais? "Pelo contrário,
pedem para ir devagar. Mas eu sou bem tranquilo, dirijo com muito cuidado e
respeitando as regras do trânsito. Lugar de correr é na pista."

A comunidade local também
reconheceu o esforço do jovem piloto. Lucas conta hoje com o apoio de várias
empresas da cidade: a Xapadão, distribuidora de bebidas e adega; o energético
Long One; a Ecodesmonte, que trabalha com desmonte ecológico de carros; a Auto
Escola Rogério; a academia Energy Fitness; e a JVC, instaladora de kit gás para
veículos e mecânica em geral.

"Mesmo diante de todas as
dificuldades, eu sempre senti que o automobilismo estava dentro de mim. Eu só
precisava de uma oportunidade", diz Lucas Veloso. "Agora, tenho a
chance de fazer o que gosto e de aproveitar este momento. Espero um dia, depois
de tudo que fiz, poder viver apenas de corridas."

No próximo mês, nos dias 2 a 4
de setembro, Lucas Veloso volta à pista para seguir em busca de mais um sonho:
a conquista do título paulista da Fórmula Vee. Ele vai disputar a 6ª etapa da
competição, em Interlagos, defendendo o primeiro lugar na classificação geral.
A etapa final será em dezembro.

 

 















































Fonte: Fernando Santos




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