Os Estados Unidos confirmaram nesta quarta-feira (29/10) a redução da sua presença militar nas fronteiras da Otan com a Ucrânia, enquanto seus aliados se preocupam com possíveis lacunas de segurança, em um momento em que a Rússia se torna cada vez mais agressiva.
A informação fora inicialmente divulgada pelo ministro da Defesa da Romênia, Ionut Mosteanu. Ele observou que a decisão reflete uma mudança de Washington "em direção à região do Indo-Pacífico".
O ministro, no entanto, afirmou que o número de tropas aliadas ainda permanecerá acima do total anterior à invasão russa da Ucrânia em 2022.
As Forças Armadas dos EUA confirmaram a decisão de reduzir seu contingente no flanco Leste da Europa, mas asseguraram não se tratar de um sinal de menor comprometimento com a Otan. Alguns analistas dizem que isso pode levar a Rússia a testar a resiliência da aliança militar do Atlântico Norte.
Dependendo das operações e exercícios militares realizados, entre 80.000 e 100.000 soldados americanos podem normalmente estar em solo europeu.
"Vácuo" de segurança na Europa?
Os aliados da Otan expressaram preocupação de que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, possa reduzir drasticamente o número de tropas americanas e, dessa forma, criar um vácuo de segurança, em um momento em que aumentam as agressões russas.
O governo Trump tem reavaliado sua postura militar na Europa e em outras regiões, mas as autoridades americanas afirmaram que os resultados dessas revisões não serão conhecidos antes do início do próximo ano.
A Otan vem reforçando progressivamente suas defesas em seu flanco Leste, na fronteira com Belarus, Rússia e Ucrânia, após uma série de violações do espaço aéreo por drones, balões e aeronaves russas.
O Ministério da Defesa romeno afirmou que a decisão dos EUA "interromperá a rotação na Europa de uma brigada que tinha elementos em vários países da Otan", incluindo uma base na Romênia. Uma brigada geralmente tem entre 1.500 e 3.000 soldados.
Em comunicado, o Ministério afirmou que cerca de 1.000 soldados americanos permanecerão estacionados na Romênia. Em abril, estimava-se que mais de 1.700 militares americanos estivessem destacados no país.
"Nossa parceria estratégica é sólida, previsível e confiável", disse Mosteanu em coletiva de imprensa. A nota do Ministério afirma que a decisão dos EUA "também levou em consideração o fato de a Otan ter fortalecido sua presença e atividade no flanco Leste, o que permite aos Estados Unidos ajustar sua postura militar na região".
Em postagem no X, o embaixador dos EUA na Otan, Matthew Whitaker, disse que os EUA "permanecem comprometidos com a Romênia". "Nossa forte presença e compromisso duradouro com a Europa permanecem firmes, incluindo o apoio à Operação Sentinela Oriental", uma operação da Otan realizada ao longo do flanco Leste. Ele, no entanto, não mencionou a redução de tropas.
EUA: ambiente de segurança "não será alterado"
O comando militar dos EUA na Europa e na África disse em nota que "esta não é uma retirada americana da Europa nem um sinal de menor comprometimento com a Otan e o Artigo 5", se referindo às garantias de segurança coletiva asseguradas pelo tratado da organização, que estipulam que um ataque a um aliado deve ser considerado um ataque a todos os 32 Estados-membros da aliança.
"Pelo contrário, este é um sinal positivo do aumento da capacidade e responsabilidade europeias. Nossos aliados da Otan estão atendendo ao apelo do presidente Trump para assumir a responsabilidade principal pela defesa convencional da Europa", concluiu.
Os americanos insistiram que a medida "não vai alterar o ambiente de segurança na Europa".
Após o início da guerra na Ucrânia, em 2022, a Otan reforçou sua presença no flanco Leste da Europa enviando tropas multinacionais adicionais para a Romênia, Hungria, Bulgária e Eslováquia. Várias outras tropas europeias estão atualmente estacionadas nessa região.

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