As autoridades da Bélgica abriram uma investigação na quarta-feira (05/11) após uma série de avistamentos de drones que provocaram a suspensão temporária do tráfego aéreo em vários aeroportos. O episódio, que deixou centenas de passageiros retidos durante a noite de terça, também levantou preocupações sobre possíveis ameaças coordenadas à segurança nacional.
Os aeroportos de Bruxelas e de Liège tiveram de interromper pousos e decolagens na noite de terça, depois que aeronaves não identificadas foram vistas nas proximidades. Segundo a porta-voz do aeroporto de Bruxelas, Ariane Goossens, cerca de 500 passageiros passaram a noite nas dependências do terminal. Em Liège, importante polo de transporte de carga, o porta-voz Christian Delcourt confirmou que os voos foram retomados nas primeiras horas de quarta, após uma pausa de seis horas.
O ministro do Interior, Bernard Quintin, afirmou que as autoridades estão tentando identificar quantos drones sobrevoaram a região e quem estaria por trás das incursões. "A recorrência de incidentes relacionados a drones afeta diretamente a segurança do nosso país", escreveu Quintin no X. "Devemos agir de forma calma, séria e coordenada."
Reunião de emergência
O governo marcou uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Segurança para discutir o tema. Os casos ocorrem em meio a uma onda recente de aparições de drones em aeroportos e instalações militares de vários países europeus, incluindo Alemanha e Dinamarca. Há a suspeita de atuação da Rússia, na esteira da guerra na Ucrânia, que já dura quatro anos.
No último fim de semana, drones também foram detectados sobre a base militar de Kleine-Brogel, na região belga de Flandres, onde acredita-se que os Estados Unidos mantenham armas nucleares. Segundo relatos locais, seis drones foram observados sobrevoando o local, embora o Ministério da Defesa não tenha confirmado a informação oficialmente.
O ministro da Defesa, Theo Francken, reforçou na quarta-feira que os dispositivos não são obra de amadores. "Está claro que algo maior está acontecendo aqui", disse ao comitê de defesa da Câmara dos Deputados, segundo a agência de notícias Belga. "Temos de reagir rapidamente."
Francken classificou o episódio como uma "ameaça híbrida, real e séria", ressaltando que as incursões "são coordenadas no tempo e no espaço e têm caráter deliberadamente disruptivo". O ministro explicou ainda que os drones "não utilizaram frequências de rádio clássicas, mas redes 4G e 5G", e descreveu-os como "(semi)profissionais que voaram em formação – algo que nem todos são capazes de fazer".
O titular da Defesa anunciou que pretende acelerar a criação de um centro de vigilância aérea e propor a aquisição urgente de sistemas de detecção e defesa contra drones.
Apesar das incertezas, Francken evitou apontar diretamente para a Rússia. "Eles estão tentando semear o pânico na Bélgica. Isso é desestabilização", declarou à imprensa local.
As autoridades continuam monitorando possíveis novos avistamentos, inclusive nas proximidades de quartéis em Heverlee, a leste de Bruxelas. A polícia, no entanto, ainda não confirmou se esses objetos eram de fato drones.

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