Conhecido por seu sorriso contagiante, ultrapassagens agressivas e o famoso "shoey" — celebração em que bebe champanhe de sua própria bota no pódio — o australiano construiu uma carreira marcada por vitórias espetaculares e decisões ousadas. No entanto, em setembro de 2024, após o Grande Prêmio de Singapura, Ricciardo foi dispensado pela AlphaTauri (anteriormente Toro Rosso), colocando em dúvida seu futuro na Fórmula 1 e seu destino no automobilismo em 2025.
Início da carreira e ascensão na Red Bull (2011-2018)
Daniel Ricciardo iniciou sua trajetória na Fórmula 1 em 2011 pela equipe HRT, uma das menores do grid na época. Sua estreia ocorreu no Grande Prêmio da Grã-Bretanha, após ser promovido pela Red Bull, que o tinha como parte de seu programa de jovens pilotos. Em 2012, Ricciardo foi transferido para a Toro Rosso (atual AlphaTauri), onde suas performances sólidas o mantiveram no radar da equipe principal.
Em 2014, Ricciardo teve a oportunidade de substituir o tetracampeão mundial Sebastian Vettel na Red Bull Racing. Ele aproveitou a chance e, em sua primeira temporada, venceu três corridas (Canadá, Hungria e Bélgica), tornando-se o único piloto fora da Mercedes a ganhar provas naquele ano. Ao longo dos anos seguintes, Ricciardo estabeleceu uma reputação como um dos melhores ultrapassadores do grid, com vitórias marcantes como no GP de Mônaco em 2018.
Apesar de sua popularidade e sucesso, a Red Bull começou a centralizar seu foco em Max Verstappen, um jovem prodígio que rapidamente se tornou o principal piloto da equipe. Essa dinâmica gerou um ambiente competitivo e, em 2018, Ricciardo decidiu deixar a Red Bull em busca de novos desafios.
Aposta na Renault (2019-2020)
Em uma decisão surpreendente, Ricciardo assinou com a Renault para a temporada de 2019. A equipe francesa estava longe de ser competitiva no topo do grid, mas oferecia a oportunidade de liderar um projeto de reconstrução. Sua primeira temporada foi marcada por dificuldades, com um carro que raramente brigava por pódios, mas ele manteve sua habitual positividade e espírito de luta.
Em 2020, Ricciardo colheu frutos com dois pódios, nos GPs de Eifel e Emília-Romanha, além de apresentar um desempenho consistente ao longo do ano. No entanto, com a chegada da oportunidade de ir para uma equipe com maior histórico de vitórias, ele decidiu se transferir para a McLaren em 2021, acreditando que o time britânico oferecia melhores chances de lutar por vitórias regulares.
McLaren: Vitórias e desafios (2021-2022)
A temporada de 2021 foi um marco para Ricciardo, mas também trouxe grandes desafios. Sua adaptação ao carro da McLaren foi mais difícil do que o esperado, e ele foi consistentemente superado por seu jovem companheiro de equipe, Lando Norris. No entanto, Ricciardo teve um momento de redenção no Grande Prêmio da Itália, em Monza, onde conquistou uma vitória memorável. Esse triunfo foi a primeira vitória da McLaren em quase uma década, e Ricciardo se tornou o único piloto fora Mercedes e Red Bull a vencer naquele ano.
A vitória em Monza foi um momento de celebração, mas as dificuldades com o carro da McLaren continuaram a atormentar Ricciardo. Em 2022, ele não conseguiu encontrar consistência em seu desempenho, o que acabou culminando com a decisão da equipe de encerrar seu contrato antes do planejado. Ricciardo deixou a McLaren no final daquele ano, sem ter conseguido atingir o nível de performance esperado, apesar do grande otimismo que cercou sua contratação.
Retorno à Red Bull como reserva (2023) e AlphaTauri (2023-2024)
Sem um assento como titular para 2023, Ricciardo tomou uma decisão estratégica ao retornar à Red Bull como piloto reserva, trabalhando ao lado de Max Verstappen e Sergio Pérez. Sua presença trouxe uma atmosfera positiva à equipe, e ele permaneceu envolvido com a Fórmula 1 enquanto analisava opções para voltar ao grid. O destino, porém, lhe trouxe uma oportunidade inesperada quando a AlphaTauri, equipe júnior da Red Bull, o chamou para substituir Nyck de Vries, que foi demitido no meio da temporada.
O retorno de Ricciardo como piloto titular da AlphaTauri, no final de 2023, foi recebido com entusiasmo por seus fãs, mas os resultados em pista não foram espetaculares. O carro da equipe continuava a ser um dos menos competitivos, e Ricciardo enfrentou dificuldades para se destacar. Em 2024, um acidente no GP da Holanda causou uma lesão em seu pulso, afastando-o por várias corridas. Liam Lawson, seu substituto, aproveitou a oportunidade e obteve bons resultados, aumentando a pressão sobre o australiano.
Quando Ricciardo retornou às pistas, no Grande Prêmio de Singapura de 2024, a expectativa era alta, mas os resultados não corresponderam. Logo após a corrida, a AlphaTauri anunciou sua demissão, encerrando, pelo menos temporariamente, sua participação como piloto titular na Fórmula 1.
Possibilidades de futuro para 2025
A demissão de Daniel Ricciardo em setembro de 2024 deixa seu futuro na Fórmula 1 em aberto. Com a temporada de 2025 se aproximando, as opções no grid parecem limitadas. A Red Bull, equipe principal, já está bem estabelecida com Max Verstappen e, possivelmente, Sergio Pérez. Outras equipes de ponta também têm suas duplas de pilotos definidas, o que pode dificultar o retorno de Ricciardo a um time competitivo.
Uma possibilidade é que Ricciardo permaneça envolvido com a Fórmula 1 em um papel de reserva ou consultor, continuando seu trabalho com a Red Bull ou outra equipe. Ele também pode buscar outras oportunidades no automobilismo. A Fórmula E, a IndyCar e até o WEC (Campeonato Mundial de Endurance) surgem como alternativas viáveis para um piloto de sua experiência e talento.
O australiano também é um nome cobiçado fora das pistas, graças à sua personalidade carismática e popularidade com os fãs. Ele poderia explorar papéis como embaixador de marcas, comentarista ou até mesmo se envolver com o desenvolvimento de jovens pilotos.
Legado e impacto na Fórmula 1
Independentemente do que o futuro reserva, Daniel Ricciardo já deixou sua marca na Fórmula 1. Com oito vitórias, múltiplos pódios e um estilo de pilotagem audacioso, ele será sempre lembrado por seus momentos icônicos. Sua vitória em Monza em 2021, as ultrapassagens em corridas como na Hungria 2014, e seu carisma fora das pistas o tornaram um dos pilotos mais amados e respeitados de sua geração.
Se este for o fim de sua jornada na Fórmula 1, Ricciardo sai de cabeça erguida, sabendo que contribuiu de maneira significativa para o esporte. E, como ele mesmo costuma dizer, “nunca diga nunca”. O futuro no automobilismo ainda pode reservar surpresas para o sorridente australiano.
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