Uma década após a mais severa crise hídrica de sua história, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) volta a enfrentar um cenário de insegurança hídrica. O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de quase metade da população da capital e região metropolitana, atingiu seu menor nível em dez anos — abaixo de 30% — e entrará em fase de restrição a partir de 1º de outubro. Para suprir a queda, a Agência Nacional de Águas (ANA) autorizou a Sabesp a captar água da bacia do rio Paraíba do Sul. Além disso, medidas emergenciais já foram adotadas, como a redução da pressão da rede de abastecimento no período noturno.
Este cenário não é um caso isolado. Em todo o Brasil, 1.900 cidades enfrentam seca intensa, e a Amazônia vive uma escassez hídrica crítica, com a ANA declarando situação de emergência em importantes bacias hidrográficas.
Recorte no Agro
Alguns dos estados que concentram importantes culturas agrícolas para país já estão sinalizados no Monitor de Secas da Agência Nacional da Águas (ANA) como áreas onde há seca grave. No oeste de Minas Gerais, por exemplo, a seca passou de moderada (S1) para grave (S2). A região é grande produtora de produtos como soja, milho, algodão e feijão. O mesmo panorama de piora pode ser observado no norte mineiro, onde há produção de banana, mamão, manga, além do café.
Já na Região Centro-Oeste, que região de alta concentração de atividades agropecuárias, observa-se piora nos indicadores: houve surgimento de seca fraca (S0) no nordeste e noroeste de Mato Grosso e no noroeste de Goiás. No sudeste goiano a seca agravou, passando de moderada (S1) para grave (S2). No Sul do país, o Paraná, tem os piores índices. A falta de chuvas resultou no agravamento da seca, que passou de moderada (S1) para grave (S2) no norte, onde há forte produção de grãos como soja, milho e trigo.
A falta de chuvas pode comprometer o desenvolvimento das lavouras e reduzir a produtividade de culturas como soja, milho, algodão, feijão, café e frutas. Em períodos críticos, como floração e enchimento de grãos, a escassez de água pode gerar perdas significativas, além de afetar a qualidade dos frutos e aumentar a vulnerabilidade a pragas e doenças.
Para analisar as causas estruturais deste panorama, discutir os riscos econômicos e sociais e apresentar caminhos sustentáveis, a The Nature Conservancy (TNC) Brasil oferece como porta-voz o especialista Samuel Barreto, Gerente Nacional de Água e Sistemas Alimentares da organização. Biólogo e mestre em Sustentabilidade, Samuel é referência nacional no debate sobre segurança hídrica e membro de conselhos estratégicos como o Observatório de Governança da Água (OGA) e o Movimento + Água do Pacto Global da ONU. Além disso, e colunista da plataforma Um Só Planeta.
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