A Suprema Corte do Irã ordenou a realização de um novo julgamento no processo contra a ativista pelos direitos das mulheres e dos trabalhadores Sharifeh Mohammadi, e anulou sua sentença de morte. A informação, dada pelo seu advogado Amir Raisian, foi divulgada neste sábado (12/10) pelo jornal reformista Shargh.
Mohammadi foi acusada de ser membro do partido Kamala, um grupo separatista curdo sediado no Iraque que as autoridades iranianas classificam como uma organização terrorista. Ela foi condenada à morte no início de julho após ser presa na região de Gilan, no norte do Irã.
O Irã há muito tempo acusa grupos curdos iranianos exilados no Iraque de fomentar a instabilidade no país. O povo curdo habita tradicionalmente partes do sudeste da Turquia, norte do Iraque, oeste do Irã e nordeste da Síria.
"Ela defendeu os direitos das mulheres e dos trabalhadores, assim como a abolição da pena de morte. Até 2022, era membro de um comitê de trabalhadores, em um país onde os sindicatos trabalhistas estão proibidos", afirmou em nota a ONG de direitos humanos Anistia Internacional (AI). "Seu julgamento foi grosseiramente injusto; suas denúncias de tortura e outros maus tratos nunca foram investigadas."
Irã é o 2º país com mais execuções
O Irã viveu meses de protestos desencadeados pela morte da jovem curda Jina Mahsa Amini, em setembro de 2022, enquanto estava sob custódia da "polícia da moralidade". Ela foi presa ao ser acusada de não observar adequadamente o rigoroso código de vestuário imposto às mulheres iranianas, ao supostamente usar um hijab de maneira indevida. Várias pessoas foram condenadas à morte por envolvimento nas manifestações em massa que ocorreram em diversas partes do país.
De acordo com a AI, o Irã é país que realiza o segundo maior número de execuções anualmente em todo o mundo, depois da China. Grupos de direitos humanos acusam Teerã de visar de maneira desproporcional os curdos, bem como a minoria étnica predominantemente sunita Baloch no sudeste do país, punindo-os com frequência com a pena de morte.
De acordo com a agência de notícias Human Rights Activist News (HRANA), pelo menos 811 pessoas foram executadas no Irã entre 10 de outubro de 2023 e 8 de outubro de 2024. Detentos em mais de vinte prisões iranianas têm feito protestos contra a pena de morte por vários meses, incluindo greves de fome.
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